quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Nona Semana

Talvez a primeira semana na qual consegui realmente sentir que as crianças estavam entrando mais em questões musicais propriamente ditas. Por que o aquário faz som? Por que isso acontece? (falei sobre o fato de que a música a gente faz com sons, e que toda matéria pode produzir um som, contanto que vibre, assim como o vidro do aquário vibra com o contato dos nossos dedos. E é muito bonito ver a vibração do aquário espelhada na água, ilustrando padrões da onda sonora). O padrão melódico, a diferença das notas, a reiteração de idéias que geram sentido musical, etc. Tudo isso de certa forma entrou como conteúdo na prática das aulas.
As atividades com os aquários provam que o instrumento musical é extremamente útil para o trabalho com crianças de qualquer idade. Elas gostam de manipular, experimentar. De toda forma, esse contato íntimo com a criação de melodias, o sistema de "pergunta-resposta" ou de "tema-variação" ou de "imitação e desenvolvimento", tudo isso só foi possível porque levava 3 crianças de cada vez na sala de música. Passávamos mais ou menos 15 minutos (dependendo do interesse da criança, ficava-se mais ou menos tempo) e depois eu voltava pra sala e trazia mais três, ou quatro crianças. Essa intimidade, silêncio e paz, conseguia gerar nas crianças que vinham pra sala de música uma atenção muito diferenciada daquela que existe numa sala de aula. De todo modo, você demora mais pra atender a todas, e não dá pra fazer dessa opção mais individualizada um modelo de aulas. É mais uma exceção.
Se não fossem de vidro não teriam quebrado. Fiz um "cemitério" onde eu colocava com as crianças os aquários "mortos em acidente de trabalho". E foram 8. Na útlima aula eu tinha que me virar com apenas 3 aquários, e um tratou de quebrar na volta pra casa. Não é viável mas valeu muito à pena. O instrumento de sucata, ou "alternativo", gera muito interesse, mas é interessante poder contar com um instrumento de verdade, para gerar noções referênciais, na comparação destes sons determinados (do piano, da flauta, do violão, do xilofone), com os sons não determinados, ou não temperados, de muitos dos instrumentos de sucata (ou não ocidentais). Para melhor compreender a diversidade é interessante fazer notar as diferenças.

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