quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Décima Semana

Com os aquários quebrados, a décima semana transcorreu com outra atividade. Em turmas de 10 crianças, íamos à sala de música. Sem dizer nada, eu colocava uma música, "O pássaro de Fogo", num som bem legal que eu instalei na sala. É uma peça orquestral de Stravinsky, com inúmeros movimentos, e dura uns 30 minutos, feita para um ballet dirigido por Diaghilev, no qual uma lenda russa (do pássaro de fogo), é abordada. A música então sugere inúmeras "cenas". Também, sem dar instruções, eu começava a me movimentar lentamente no quadrado circunscrito pelo tapete, e a estabelecer uma conexão com a música e o meu próprio corpo. Algumas crianças, nesse contexto inicial, pegaram revistas da prateleira, vasculharam as estantes do fundo da sala, ou se distraíram brincado. Outras no entanto, percebendo o comporamento um tanto alheio e estranho do "professor de música", tentaram um contato, por meio dos mesmos movimentos. Com o passar do tempo, toda turma foi se envolvendo, de maneira mais ou menos caótica. Essa "liberdade total" sempre faz eclodir um caos total que é sempre surpreendente, e faz qualquer educador se sentir irresponsável por permitir tamanha algazarra, mas é de dentro disso que surgiram, nesses 30 minutos, pelo menos alguns de mergulho total. Essa expressão livre foi uma idéia que me veio das aulas do prof. Iramar, do instituto Dalcroze (Suiça), que deu um curso aqui em São Paulo. A conexão do corpo, com a sensação que a música transmite se transforma num laboratório para o imaginário, para a expressão pessoal.
Em contraposição a essa atividade aparentemente simples, eu tentei fazer um jogo com os copos, no estilo "Escravos de jó". Não consegui que eles acompanhassem se quer o pulso de uma canção. Tentei fazer a atividade antes de colocar a música, mas eles já chegam agitados. Em outra escola já tentei abordar com crianças tambem essa prática de acompanhar o pulso de uma música, ou marchar no ritmo da música. Em ambas as circnstâncis fiquei um pouco frustrado por não obter êxito. Eu tenho certeza que as crianças são capazes (pelo menos grande parte), de seguir uma pulsação. De que adiantam abordagens alternativas e modernas, se certas coisas básicas e até mesmo ancestrais não são incorporadas? Talvez seja bom voltar à moda antiga às vezes.
Recebemos um grande presente da Ação Comunitária. Um teclado Roland. Não poderia vir em momento mais oportuno, pois eu tive de devolver o teclado que eu estava usando (que era emprestado). E vai ser uma ótima para voltar às notas do re mi fa sol la si do e tantas combinações possíveis entre elas, sem falar das canções! Muito obrigado Ação!

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